terça-feira, 23 de abril de 2024

dito popular?

 talvez dito popular, aprendi com um amigo 

- quando a boca cala, 

o corpo fala, adoece; 

mas quando a boca fala, 

o corpo cala, sara.








doar traz prazer?






145


Sexo: as dúvidas de meu avô permanecem, geração após geração. Na infância, sexo um mistério. Na adolescência, sexo um segredo.

doar traz prazer?



O amor será assim, uma amostra do paraíso? Gente como eu, qualquer um, em estado de alegria? O tempo vira agora, o espaço é aqui, serenidade e eu somos um só?

*

Na vida, a síntese do desejo é estarmos contentes?

*

Lembra aquela história do pescador?

Vilazinha do interior, beira de rio, o pescador adormece, o peixe morde, a vara treme.

O turista passa por ali, vê, arquiteta: vou mexer com este caipira.

Pega a vara, pesca, pesca, pesca.

Acorda o pescador, aponta o cesto cheio: olha o que você perdeu!

Inda zonzo do cochilo, o pescador: o que?

O turista: os peixes, olha o tanto.

O pescador: pra que?

O outro: pra vender, ganhar dinheiro. Fazer o que você gosta.

O pescador: mas já tô fazeno…

*

Eu me sinto assim, nesta fase que curto enquanto é. Satisfeito comigo, desejos ausentes, tento atento viver contente. Difícil agora é suportar a alegria. Tristeza era fácil, matava no peito todo dia.

*

Entre graves e agudos, este jeito de escrever. Breves anotações?

*

O que sou hoje é o que construí antes, em cada ato passado. Mas vivo mesmo só o presente.

*

Vestidos. Saias em casa? Serão frescas, arejarão meu corpo? Práticas, as saias? E o olhar do outro? E eu me olhar com saias? Só mudo e escondido? Se em relação a saias sou assim, como serei em relação a cada possibilidade incomum de prazer?

*

Os pecados mortais, os pecados veniais. O prazer perde espaço. Um aprendizado, estar contente agora, aqui. Já o futuro, noutro lugar: ali, é mistério, é novo. Só saberei ao experimentar.

*

Relembrando Laing, o Ronald, quero agora investigar como aqui cheguei, o que faço neste mundo, porque aqui nos encontramos, quem somos. Mas, antes, treinar alegria.

*

Muita coisa já esqueci, um tanto de livros que li. Algo do DNA de lá passou pro DNA de cá? Sou assim um saldo do que me entra, do que me sai. Da soma do que permanece, ora as células, ora os conhecimentos, os sentimentos, as memórias.

*

Estou grávida de me tornar mais inteira. O pensamento é a linguagem, o meio é a mensagem. Estas ideias vieram de outros que não eu. Imagino flutuantes. De repente, atraídas, se tornaram insights. Agora são também minhas. Compartilhadas, permanecem

sem donos, mesmo sendo suas, minhas, deles, nossas.

*

Falsa memória, lembro de encontros comigo em que eu não estava lá. Presentes só na minha escorregadia memória. De fato, talvez só desejos. Lembro de fatos imaginados. Brinco com esta memória que me supre, me torna quem não sou. Conto só pra mim.

*

Separações na minha vida: as que me lembro, carrego comigo. São aparentes separações?

*

O que escrevo, se já sei, é mais uma recordação do que vivi, do que não.

*

Sinal de alguma saúde? Não sei onde fica meu fígado.

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Sou imaturo no que sou ignorante. Quanto mais ignoro o que sinto, mais verde sou.

*

Hoje distribuímos quentinhas que Regina, Bruno e Vera produziram. Os olhares, as palavras de quem, com fome, recebia, enterneceram nossos corações. Doar traz prazer.

*

Sexo: as dúvidas de meu avô permanecem, geração após geração. Na infância, sexo um mistério. Na adolescência, sexo um segredo. Na fase adulta, que faço com meu tesão por gente que não devia? Maduro, acalmo-me um tanto. Morto, ausente de libido, ausente de conflitos.


 

071 História do Brasil - Memórias de uma menina na noite escura da ditad...




História do Brasil Memórias de uma menina na noite escura da ditadura Talvez você também já conheça uma boa parte da história dos anos de arbítrio, na época da ditadura, quando Fátima, ainda bem jovenzinha, parece ter descido ao "inferno de Dante", com prisões e suplícios, a perda de 2 irmãos queridos e outras coisas duras e pesadas... Agora, ela, professora aposentada, mãe de dois filhos e avó de dois netinhos, se reconhece como uma cidadã realizada, feliz, que deu a volta por cima e clama por "Memória, Verdade e Justiça!". Depoimento de Fátima Oliveira Setúbal a Eugênio Viola Edição Phillip Johnston Fotografia, produção, direção Luiz Fernando Sarmento 56 minutos e 24 segundos Rio de Janeiro Brasil Março 2014



segunda-feira, 22 de abril de 2024

146 fofocas




146


No meu dia-a-dia, a morte é também uma escolha, a cada escolha que faço?


fofocas



Robert A. Monroe, em Viagens Fora do Corpo, ensina passos pra viajar, nos vermos de fora. Tentei. No meio do caminho, me deu um medão danado. Não fui.

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Quando solto um pum alto, ai que vergonha. É que, sem querer, relaxei. Estava à vontade.

*

Relaxo? Se divago, sonho. Se sonho, antecedo a realização?

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Que faço pra atrapalhar minha própria vida?

*

Repito o mesmo drama do ano passado. Fui ao Boitatá, bloco bom, praça XV. Cheguei, pulei, dancei, brinquei, procurei minha carteira, cadê? Fui à delegacia de polícia, bem atendido, fiz o registro de ocorrência. Furto? Outras pessoas, mesma hora, mesma delegacia, situações semelhantes: furto. Agora me preparo pra contatar CEF, CPF, Detran, carteiras de identidade e motorista, cartão do Sesc, cartão da AMIL, cartão do Metrô, cartão do ônibus.


Toda vez que tropeço numa pedra, reclamava. Hoje reclamo da pedra, mas, antes, de mim: não prestei atenção. Sei agora, sabia antes, não devo levar meus principais documentos prum lugar com riscos de perda, de furto. Penitência: procedimentos necessários para comunicar a cada órgão público correspondente aos documentos perdidos, furtados. Mas, eu em casa, domingo de carnaval, o telefone toca.


Eta mundo bom. O círculo virtuoso toma assento. Sem a carteira que ontem perdi – furtaram? No mesmo dia tomei providências relativas a alguns documentos e hoje me preparei para cuidar dos outros. Trim, trim trimmmmm… E, da mesma vez que no ano passado… Alô! Encontrei sua carteira!


*

Lembrei do que entendi do filme Dúvida. Uma freira faz comentários sobre a vida sexual de um padre. O boato se espalha. Cai a ficha, a freira procura o padre, pede perdão. O padre: perdoo. Mas antes, pegue um travesseiro com penas, chegue na janela ali do décimo antar, solte as penas ao vento, depois recolha pena por pena…


Pronto, eu teria que tentar recolher as penas que espalhe, desmentindo fofocas que por desventura eu tenha criado, retransmitido, mesmo, aparentemente, sem querer. Mas, desconfio de mim, sem querer, querendo?


*

Reforcei minha visão de mundo. O mundo tá ruim e tá bom, vicioso e virtuoso, depende um tanto do meu olhar, como do olhar de cada um…


*

Labirinto. Tristezas se aproximam. Tudo um tanto embaralhado. O primeiro pensamento é fuga. Perdido nestas emoções, procuro, procuro, não encontro responsáveis fora de mim. Sem limites entre mim e o mundo. Telefono a cada outro, escuto impaciente, não ouço o que desejo. Se não sei pr’onde ir, não vou? Respiro, me acalmo.


*

Antes, como base, valorizo a afetividade. Mas… Gera trabalho para outros – terá dificuldade em sua autonomia futura? – a criança que não aprendeu ajudar na manutenção da casa: lavar pratos, roupas, arrumar cama e mesa, varrer, ir à feira, ao supermercado, à padaria, ao banco, fazer um café, encher o filtro, limpar a geladeira, cozinhar…


*

Um amigo, conversa livre, saca: amor e medo, afetos básicos. Bate no meu peito, direto à compreensão. Mais próximo do início da minha vida, o fio de meada: amor e medo. Antes, inda mistério.

*

Domino mundos e perco guerras no interior de mim mesmo.

*

Tudo me leva a crer que o mundo será o mesmo sem mim.

*

Olho no espelho e não reconheço o velhinho. Sou eu.

*

No meu dia-a-dia, a morte é também uma escolha, a cada escolha que faço?





 

286 Feito em Casa 03


Feito em casa 03


Presentes Eugênio Viola, Pedro Castel, Alberto López Mejía, Luiz Fernando Sarmento. Encontro de amigos, conversa sem pauta, como um recreio, é a parte final do Feito em Casa 02. Edição e direção: Alberto López Mejía Produção e direção: Luiz Fernando Sarmento 2013 Rio de Janeiro Brasil 20 minutos








domingo, 14 de abril de 2024

147 perguntas que me faço

 



147


Quando trato, combino o que agora desejo.

Depois, a deus desejo, o trato já era?


perguntas que me faço



Mendicância de afetos, me pego em plena. E indignação, me leva a dignas ações?


Imagine… Qualquer um, eu, você como eu, diante de si mesmo, a se fazer perguntas. Sou diferente do que deveria ser? Devo limitar-me à ética? Aprendo fazendo? Ensino sendo? O sofrimento que gero em mim é fronteira, é limite? Em mim, onde está minha alegria? Se contente, o que me facilita ser, estar, permanecer? Em que me impeço? Que faço pra atrapalhar minha própria vida? O que está ao meu alcance? O que, em mim, alimento? Que sei que não sei? Que sinto que sei? Afeto, berço de ética? Humanidade, prioridade?


E mais, e mais… O pensamento vem do sentimento? Onde nasce o que sinto? Moral é o que aprendi? Ética é o que sinto certo? Moral varia em cada cultura? Ética é uma sabedoria que não sei de onde veio nem quando? Ética é Deus em mim? Quanto mais pergunto, menos sei? Quanto mais aprofundo, mais mistérios, mais perguntas? Ausência de memória diminui os desejos? Menos desejos, menos angústias?


O que é público, o que é privado? O que me permito, o que a outros inibo? O que está em meu poder de realização, o que depende de outros? O que cabe a mim, o que cabe ao outro? Sentir, sacar, refletir? A realidade determina a ordem dos passos? Ética é pressuposto? Sou do jeito que gosto?


E se o suficiente impera, que faço com meus tempos, minha vida? Afinal, quem está paciente? O médico, o doente? Escolho o que penso, falo, faço? E o que sinto, o que desejo? Cuido de mim? Que está ao meu alcance? Em mim, onde está minha alegria? Onde vai meu pensamento, vão meu sono, meus sonhos? Pensamento não se mede, vai além das distâncias, ignora o tempo? Sentimentos interferem em pensamentos? O que me alegra?


O que, semelhante ao meu desejo, o outro deseja?

Que relações cultivo?

O que me impede ser quem desejo?

Meus medos, de que?

Louco vive o que sente?

Saudável é palpável?

Sou melhor que o outro? Pior?

Comparo por que me falta?

O que me permito, o que a outros inibo?

O que posso? O que não?

O que cabe a mim, o que cabe ao outro?

A realidade determina a ordem dos passos?

*

O futuro é meu desconhecido. Sou o que hoje sou, a cada futuro que adentro encontro o novo. Sou neste momento experimentador. Tento, tropeço, aprendo.


Quando me repito, recordo, me educo. Tudo tentativa. Como naquele jogo, batalha naval. Volta e meia tiro n’água. A diferença é quando acerto.

*

No meu manual tem: inspirar, expirar, respirar. Atentar ao que sinto, ao que penso, falo, faço. Aprender a compreender, aceitar a mim, ao outro. Exercitar o afetuoso, comigo e ao redor. Separar minhas loucuras das loucuras do outro. Ganho e ninguém perde.

*

O humor como indicador: se de bom humor, estou bem. Se não, que faço?

*

Já no ventre, talvez antes dele, o básico individual e coletivo satisfeito: que mais cada um de nós necessitará?

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Tento, aprendo o virtuoso, singelo, belo, contente? Escolho o que penso, escolho a palavra, seleciono o que faço? Que desejo?

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Sinto que cuidar de mim faz bem a mim e a quem ao redor.

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Governar. Cada vê mais admiro Dilma. Se é tão difícil administrar minha casa, imagino um país, onde os moradores têm livre arbítrio e caracteres variados. E uns têm ética dentro de si e outros não.

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Ditadura. Aprendi lá em casa: reconhecer que errei me faz melhor. Desconfio de mim quando não reconheço meu próprio erro. Se reconheço, cresço. Se não reconheço, erro de novo. Confiarei mais, mesmo em quem errou, se reconhece seus erros. É errado colaborar com ditadores. A ditadura foi um erro. Qualquer ditadura: em mim, em casa, no trabalho, no país.

*

Para estar assim, do jeito que me gosto, demorou tanto. Antes só soube ser do jeito que outros queriam.

*

O que me incomoda no outro é o que sinto em mim. Pretensioso, julgo o outro pelo que sinto. Não falo dele, falo de mim.

*

Tenho um padrão, minha voz me trai. Desejo ser o modelo, desejo ser aceito, reconhecido. Tudo um tanto por causa deste vazio que não conheço. E quando conheço, não entendo.

*

Ralph Viana definiu: sério alegre. E foi e mais. O Alternativas no Espaço Psi – Psicologia Psiquiatria Psicanálise. Simpósio, encontros. Parque Lage, fronteira dos anos 70 e 80, mais de mil eus se encontram num pedaço do futuro à procura de si e de nós. Cada eu faz seu passeio, seu mergulho, escolhe uma e outra e mais outra das mais de cem vivências, palestras, debates, performances… Arte, ciência, espiritualidade, dúvidas misturadas como são.

*

Lapso, a memória afetiva se abstrai do tempo. Ali está aqui. Somos espaço, eu e lá. Me incluo no mundo, sou o mundo, represento o todo. Um homem incomum, como cada um.

*

Penso na pior hipótese antes de iniciar uma compra, uma venda, um trato, um contrato. Penso em soluções caso aconteça a pior hipótese. Se permaneço tranquilo, sabedor que há saídas saudáveis, dou cada passo. Aprendi que dá muito trabalho corrigir ignorâncias. Mesmo assim, entre acertos, erro. Quando trato, combino o que agora desejo. Depois, adeus desejo, o trato já era?







285 Feito em Casa 02



Homens amigos se encontram. Recreio, conversa sem pauta. Aqui um segundo registro. Presentes Eugênio Viola, Pedro Castel, Alberto López Mejía, Luiz Fernando Sarmento, Audharya Das, Branco .... Edição e direção: Alberto López Mejía Produção e direção: Luiz Fernando Sarmento 2013 Rio de Janeiro Brasil 60 minutos

sábado, 13 de abril de 2024

148 talvez sim, talvez não




148


A experiência nos diz:

quem gosta do que faz, dificilmente necessita ser controlado.

No máximo, acolhido, respeitado, orientado.


talvez sim, talvez não



Tudo me leva a crer que o mundo será o mesmo sem mim. Ou que o mundo será outro sem mim. Ou ainda, meu mundo desaparecerá comigo.

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Olho no espelho e não reconheço o velhinho. Sou eu.

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A morte é também uma escolha, como escolha é cada palavra que falo, cada pensamento, sentimento que tenho, como cada comida que como, cada ato que faço?

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O conteúdo da programação é a essência. O conteúdo da comunicação é a essência. O conteúdo do afeto é a essência. O jeito de afetar, essencial.

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O homem ideal acrescenta conteúdos consistentes em qualidade ao que vive. É cuidadoso consigo. Cuida de outro como de si. Cuida de quem cuida.

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Pessoas que trabalham a favor são fontes de movimentos libertários. Algumas dão chão: cuidam da organização, criam condições para o trabalho de outras. Outras pesquisam, imaginam, propõem e produzem movimentos e produtos geradores de transformações libertadoras.


Umas levam informações saudáveis aonde o povo está. É mais simples, como aqui parece. A base é a pessoa, são as pessoas. Motivadas, a insegurança – o tititi – desaparece, a paz reina. Informadas, todas sabem do que acontece. Pessoas se transformam em libertos, multifuncionais. Como potencialmente somos todos.

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Cuidados com quem cuida: pessoas são a base de funcionamento de instituições. Parece fundamental o estímulo à autoestima de cada um dos que trabalham, especialmente com outros, com o público, de forma que, cada vez mais, todos tenhamos prazer no que fazemos.


Isto significa facilitar o crescimento humano, a melhoria de qualidade de vida de cada funcionário acolhido no seio da instituição, inclusive através do acesso a informações essenciais à compreensão do que faz, do que é, das consequências, dos resultados.

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Estímulo à pró-atividade: o gostar de si mesmo fundamental para gostar espontaneamente de outros – implica ter consciência de que realiza trabalhos de qualidade, é útil e necessário.

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A experiência nos diz: quem gosta do que faz, dificilmente necessita ser controlado. No máximo, acolhido, respeitado, orientado. Este respeito se traduz em decisões e atos que considerem afetuosamente cada pessoa pelo que é.

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Cuidados com as expectativas. Oferece quem tem. Como diria um conhecido, sociólogo: vaca não dá coca cola. Não devo esperar coca cola de uma vaca, que já me mostrou que dá é leite.

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Mesmo que os ditos superiores de cada um tenham – em princípio – uma visão do conjunto, cada realizador de tarefas pode contribuir para decisões acertadas, uma vez que – também pressuposto – é cada funcionário quem deve melhor entender, saber do seu ofício.

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Talvez seja verdade que, se a fé vem da experiência, a experiência, a vivência, se consciente, aprofunda o saber.

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Humor do bom, estável, é sinal de inteligência emocional?

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Os mesmos fatos, visões diferentes. É assim em relação à própria criação do universo, da terra, do homem. Ser ou não ser, passam os séculos, no fundo permanecem esta e outras questões.

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Cada homem, do seu jeito, cultiva – ou não – sua própria evolução, em tentativas de viver melhor. A soma destas revoluções individuais se traduz na evolução da humanidade como um todo.

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A memória nos lembra da nossa história recente: vida rural, industrial, pós-industrial. Agora globalização, fase de stresses, tendências desumanizadoras. Indivíduos, bairros, cidades, países fortes e fracos – é olhar ao redor – destinam recursos para armas.

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Volta e meia, implosões de insatisfações que – acumuladas – se traduzem em conflitos, confrontos coletivos, guerras.

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A vida, breve: tempo curto para lutar contra.

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O buraco – quase sempre – mais embaixo. O inconsciente individual e coletivo – parece – induz a nossas ações. Por outro lado, olhando bem, também sinais de vida no planeta Terra. A favor do homem.

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Também aqui, cada ato se traduz no resultado. Cabe a cada um de nós, no que pode neste barco, refletir, nortear seus atos. Parece poesia, pode ser também fato.

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Quando ouço uma boa gargalhada, lembro papai.

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Winnicott: a essência da democracia repousa no homem comum, na mulher comum, no lar comum.

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Freud: No exercício de uma arte vê-se mais uma vez uma atividade destinada a apaziguar desejos não gratificados – em primeiro lugar, do próprio artista e, subsequentemente, de sua assistência ou espectadores.

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Ser livre não significa fazer tudo que desejo, mas seguir as regras que eu escolho. Foi Kant?

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Bilhete prum amigo: inda não aprendi falar com calma, entre tantas coisas que inda não aprendi. Já entre o que aprendi, aprendi um tanto escutar meu corpo. Meu corpo me dá prazeres, me sugere limites.


Outro dia fique três horas na cadeira do dentista. Anestesiado, meio dopado com um calmante brabo. Fiquei cinco dias quieto, sopa, água, suco, sono, leitura. Recuperei o equilíbrio, voltei ao trabalho, produzi mais tranquilo.

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Sem querer querendo, direta ou indiretamente, costumo dar conselhos. Contraditório, tenho dificuldades em ouvir. Inda não cresci.







 

284 Feito em Casa 01



Amigos, homens, se encontram, em recreio. Conversa sem pauta. Aqui um primeiro registro. Participam Eugênio Viola, Pedro Castel, Alberto López Mejía, Michel Robin Rabinowitz, Luiz Fernando Sarmento. Edição: Phillip Johnston Direção: Luiz Fernando Sarmento 2013 Rio de Janeiro Brasil 56 minutos e 44 segundos





sexta-feira, 12 de abril de 2024

149 riscos




149


Quando mexo, cutuco meu corpo, mexo em minha memória afetiva e desperto lembranças e emoções a elas associadas.


riscos



Arrisco e respondo rápido a perguntas que me faz, por email, uma estudante de psicologia:


a. Porque escolheu este campo da psicologia para atuar?

Sou um curioso, não sou profissional do ramo, não atuo como psicólogo. Leio sem ter que fazer provas. Adoro insights. Atos falhos me alertam. Queira ou não, acredito, todo homem navega em áreas psis quando interfere em emoções, nas suas próprias e nas de outrem.


b. Quais as dificuldades encontradas?

Em mim, minhas próprias resistências, meu conforto arraigado. Volta e meia, ausências de consciência.


c. Como é realizado seu trabalho neste local?

Gosto de ouvir, gosto de facilitar. Rodas de conversas, com base na metodologia das Terapias Comunitárias – que não são psicoterapias. Isto do lado, digamos, subjetivo. Do lado objetivo, através da metodologia das Redes Comunitárias.


d. Quais as diferenças da atuação em sua área da teoria para a prática?

Quando penso, elaboro, escrevo, considero meu mundo, minhas regras, minha cultura,

minhas referências. Quando em comunidades, inclusive as menos favorecidas, o mundo é outro, são outras as regras, culturas, referências.


e. No seu ponto de vista a psicoterapia corporal pode ser um tipo de psicanálise?

Falo do que pouco sei, quase nada sei, tanto não sei. São, digamos, métodos que se complementam. Aprendi com Wilhelm Reich – e em mim, pela prática de usufruidor da terapia reichiana – que, como todos?, carrego minha história de vida no meu corpo. Quando mexo, cutuco meu corpo, mexo em minha memória afetiva e desperto lembranças e emoções a elas associadas. Entendimentos, acredito psicanalíticos, me facilitam a compreensão emocional do que vivo.


f. O que você acha da Psicoterapia Corporal em grupo?

Quando percebo no outro experiências, questões semelhantes às minhas, aprendo que minhas questões não são só minhas, não estou só nestes mistérios. Gente encontrando com gente é pura humanidade.

*

Quando Glauber falou “Nonatinho, treme a câmera, treme a câmera…”, compreendi que também eu poderia filmar, gravar. O jeito era linguagem, o que seria errado poderia ser o certo.


Zequinha Borges, um amigo, anos depois, foi direto quando eu, inseguro, lhe pedi mais uma vez para registrar em vídeo o que eu desejava: “Porra, Luiz. Vai à luta, filma você, arrisca.”.


Arrisquei, errei, tropecei, acertei. E assim vou, neste equilíbrio em risco.

*

A palavra enfezado vem de onde? Cheio de fezes, enfezado, raivoso?

*

Ações, imagino, funcionam assim. Acionistas, fazemos uma vaquinha pra investir num negócio. Somos, juntos, donos do negócio. Qualquer lucro que o negócio der, vem pros donos das ações. Mesmo que o negócio seja lá nos confins do mundo e vivamos aqui, no coração do que nomeamos civilização.


Muitas vezes o fim do mundo é aqui. E os acionistas estão lá, nos primeiros mundos. Parte do nosso trabalho compõe o lucro de acionistas que não conhecemos. É justo?




obs: 

a foto, 

tirei de  parte de um grafite, numa parede, em Botafogo, há muito, não sei o autor do desenho, da pintura.







 

Saiba + 26 . Energia da Vida – Outra conversa com Dr. Luiz Moura - parte 3





O programa 26 contém a terceira e última parte do vídeo: Energia da Vida – Outra conversa com Dr. Luiz Moura Apresentação do vídeo: Ralph Viana. Depoimentos de Dr. Luiz Moura, Dr. Neuci da Cunha Gonçalves, Dr. Alex Leão Flores Xavier. Nesta série Saiba+, o vídeo integral é dividido em 3 programas. Dr. Luiz Moura: - O mínimo resultado que a caixa produz, no câncer, é um retardamento da evolução do câncer. E uma enorme diminuição da dor que o câncer produz... Vídeo-depoimentos: médicos falam sobre manutenção de saúde e alternativas na medicina para tratamentos de câncer, esclerose, hipertensão, depressão, osteoporose, dores, entre outros distúrbios dos nossos tempos. Edição: Victor Fernandes. Direção, realização: Luiz Fernando Sarmento. Realizado cerca de 1996. No total, aproximadamente 150 minutos. Os programas são apresentados por Luiz Fernando Sarmento e compostos por vídeos realizados por ele, só ou em parcerias. Os vídeos que compõem os programas incluem desde depoimentos de terapeutas a rituais de candomblé, passando por registros de carnavais de rua do Rio de Janeiro e rodas de Terapia Comunitária. São atemporais, podem ser veiculados em qualquer época. Em cada programa, um tanto do que o realizador intencionou compartilhar com seus filhos, amigos, vizinhos, colegas de trabalho. E com quem deseje chegar mais perto dos conteúdos que os programas oferecem. Cada programa, com 2 a 4 intervalos, tem cerca de 60 minutos, incluídos os classificados sociais. Sem os intervalos, um pouco menos tempo. Versões integrais de cada programa em m2t e AVI. Os vídeos que compõem os programas, em sua maioria, estão disponíveis na internet. Saiba+ é uma série de programas atemporais disponíveis para veiculação. São 26 programas. Rio de Janeiro Brasil






quinta-feira, 11 de abril de 2024

243 Teste da Caixa Orgônica




No programa Alternativa Saúde, Patrícia Travassos entrevista Luiz Fernando Sarmento. O foco: aparelhos orgônicos. Patrícia testa uma caixa orgônica: uma maçã dentro, outra fora, por um mês. Luiz dá primeiras informações sobre a construção de mantas e caixas. Anos 90 do século passado.




150 será?




150


Elaboro um projeto quando respondo às sete perguntas, básicas: o que, por que, quem, como, onde, quando, quanto. Planejo a realização quando relaciono as tarefas necessárias para alcançar o que desejo.


será?



Só agora, aos 65, reconheço qualidades de mamãe, de papai. Compreendo, amadureço. Surpreso, quando minhas próprias qualidades são tão cedo por mim reconhecidas.

*

Na beira dos 66 anos, me sinto bem. Os exames comprovam.


Teste ergométrico > cinecoronariografia, não. Precordialgia, nenhuma. Aptidão respiratória, boa. Tomografia da coluna > escoliose, sinais de artrose lombar. Tomografia dos seios da face: espessamento mucoso no seio maxilar direito, desvio do septo nasal. Exame de sangue > normais as hemácias, hemoglobina, hematócrito, anisocitose, leucócitos, basófilos, eosinófilos, neutrófilos, bastões, segmentados, linfócitos. Monócitos, 11%, quando o normal seria entre 2 e 10%. Plaquetas, 155, quando o normal seria entre 150 e 450. Colesterol, 172.


Triglicerídeos, 78. Colesterol HDL, 51. Colesterol LDL, 105. Colesterol VLDL, 16. Colesterol NÃO HDL, 121. Índice de Castelli I, 3,4. Índice de Castelli II, 2,1. Antígeno superficial de Hepatite B, não reativo. Anticorpos contra o antígeno superficial de Hepatite B, não reativo. Pesquisa de anticorpos para Hepatite C, não reativo. Anticorpos IgG anti-herpes simplex, reativo. Anticorpos IgM anti-herpes simplex, não reativo. Antígeno

prostático específico, 3,12. Relação PSA livre/ PSA total, 0,22.


Sinto, devo diminuir gorduras – óleos, carne, ovos e queijo, por exemplo. E assistir a mais comédias, namorar mais, caminhar diariamente.

*

Construção da doença. Mais tarde, hoje, vejo a morte – ou a vida – como escolha, em cada ato que faço a favor ou contra mim. Agradeço a quem me facilita estar vivo. A mim, que fiz, faço – e fui, sou – o que soube, sei ser.

*

Outro dia, doze anos depois, eu aqui entre 77 e 78 anos, dou vinte passos e canso, uma vida mansa, inda dou um tanto conta de mim, nitidamente o corpo reclama, a memória recente me escapa, lembranças antigas não separo do que imagino, cada vez mais forte creio na vida depois da vida, me animo, me conforto.

*

Aprendi: quando facilito o trabalho do lixeiro, porteiro, carteiro, cozinheiro, feirante… – e de nós todos, que entre nós nos cuidamos – facilito também a minha vida. Quando cuido do outro, o outro – do jeito que sente, que sabe, que pode – cuida de mim.

*

Só o essencial é essencial? Quem, o que é essencial em minha vida?

*

Elaboro um projeto quando respondo às sete perguntas, básicas: o que, por que, quem, como, onde, quando, quanto. Planejo a realização quando relaciono as tarefas necessárias para alcançar o que desejo. Se as tarefas estão listadas numa coluna, crio outras quatro colunas ao lado. E numa anoto até que dia devo realizar cada tarefa. Noutra, quem é responsável. Em mais outra, quanto custa. E, numa última, escrevo as observações.

*

Será? Resistências ao sonhar e ao refletir desconsideram as origens do fazer. Práticas comprovam que resultados são efetivados e multiplicados quando ações são sonhadas,

sentidas, pensadas com antecedência.


Será? Há espaço para ética individual. A pessoa que se cultiva ética, pratica suas escolhas do que pensa, do que fala, do que age. Pessoas que em si cultivam ética têm empatia por quem também.


Será? Uma instituição se torna ética quando se se compõe de pessoas que se cultivam éticas. Parece, tudo fica mais claro quando a ética está presente. Visões de mundo se ampliam. Saques, insights, compreensões palpitam. Palpita vida.


Será? Controles se tornam desnecessários quando a ética está presente. São naturais as de confiança e afetos. Se desconfio, controlo. Se confio, relaxo.

*

Conteúdos decorrem das visões de mundo, tanto de quem cria quanto de quem facilita, realiza.

*

Quando me identifico afetivamente com o que faço, trabalho é prazer. Quando o trabalho é um prazer, eu sou o trabalho. Sou soluções.

*

Quando me deixo isolar pelas tarefas do dia a dia, minhas reflexões se ausentam, me acomodo.

*

Imagino comum também ao redor, não sabia da importância do que faço. Descubro nos frutos.